Nutty Bavarian começa a testar modelo de franquia social
Projeto pretende fornecer 600 carrinhos
para microempreendedores individuais (MEIs)
*Por: Redação
A rede de franquias Nutty Bavarian, com mais de
130 quiosques de castanhas espalhados por shoppings, aeroportos e grandes
varejistas em todo o país, começa a testar um modelo de franquia social. A
proposta é fornecer, no mínimo, 600 carrinhos para microempreendedores
individuais (MEIs) venderem as castanhas da marca onde quiserem.
A ideia surgiu quando um dos fundadores da Nutty Bavarian, Daniel
Miglorancia, cursava o OPM (Owner/President Management),
programa da Harvard Business School, dos Estados Unidos, voltado a
donos e presidentes de empresas.
"Durante o curso, os alunos apresentam um case de negócio. Eu
apresentei o da Nutty Bavarian, nosso plano estratégico para crescer e, como
fui para a final, recebi uma mentoria próxima dos professores, que acabaram
sugerindo um modelo que culminou no projeto do carrinho",
explica Daniel. "Os professores me falaram: 'hoje, as pessoas procuram a
sua franquia, que já tem um formato pronto e estruturado, compram o direito de
uso do quiosque e aproveitam o conhecimento que você
fornece para ganhar dinheiro. E se você oferecesse esse modelo
para alguém que não tem dinheiro para comprar a sua franquia, mas tem vontade
de trabalhar? É uma forma de gerar impacto social'."
Alguns anos matutando a ideia e Daniel chegou ao atual modelo
de carrinho desenhado pela Nutty Bavarian, que se assemelha aos
carrinhos de picolé, tão comuns nas praias brasileiras.
Pelas planilhas que Daniel já elaborou, com 40 vendas por dia, o
microempreendedor individual conseguirá ter uma renda mensal líquida (já
descontado os impostos) de R﹩ 3.500.
O valor do carrinho (R$ 5 mil diluídos em um
ano), bem como a compra dos produtos, ficará sob responsabilidade dos
franqueados da marca. Então, vai funcionar assim: o atual franqueado da Nutty
Bavarian que já opera o quiosque compra o carrinho e concede a
operação para um MEI, que vai andar com o carrinho e fazer as vendas
do produto. "Cada franquia social será uma operação reduzida de um
quiosque", explica Daniel. "É uma oportunidade de os atuais
franqueados da rede se tornarem 'mini-master franqueados', participando do
esforço inicial na franquia social, incluindo o valor investido na unidade e
coordenando a operação de pontos que serão seus sub-franqueados. Esses
'mini-master franqueados', além de fazer um investimento social, também vão
lucrar com a operação no médio prazo, aumentando seus ganhos com a marca. É o
modelo que se chama no mercado de negócio social, que une lucro a uma proposta
social", diz Daniel.
O primeiro pedido da franquia social será financiado pela
franqueadora para o novo microfranqueado, e ele pagará esse
investimento com parte do resultado que obtiver com as vendas.
Por se tratar de um negócio que também tem fins sociais, fornecedores da
Nutty Bavarian apoiaram a causa e contribuíram com o barateamento do custo
do negócio. O fornecedor do sistema isentou os MEIs da taxa de treinamento
e ainda deu computadores para eles fazerem o controle das vendas. "As
pessoas querem ajudar, fazer algo pela social, e às vezes só falta um
caminho. No nosso caso, como trouxemos um caminho, nossos fornecedores, que nos
conhecem e acreditam em nós, nos seguiram e apoiaram. Isso é muito
bacana", comenta Daniel.
Em agosto, a franqueadora colocou o carrinho em uma rua da Vila Olímpia,
na zona sul de São Paulo, para testar o formato. Em apenas uma hora,
a equipe da franqueadora fez 40 vendas.
IMPASSES BUROCRÁTICOS
Gerar trabalho e renda para empreendedores sem oportunidade ao mesmo
tempo em que amplia a exposição da marca e a receita da franqueadora é o
objetivo do carrinho de rua da Nutty Bavarian. O projeto, no entanto, enfrenta
alguns entraves para deslanchar, e é nisso que Daniel está trabalhando no
momento.
O alvará fornecido pelas prefeituras para o carrinho poder circular
pelas ruas de uma cidade demora a ser emitido e, em alguns locais, restringe o
acesso a determinado bairro ou região. No plano de Daniel, a ideia é que os
carrinhos tenham um alvará de funcionamento, sem restrição de área para
transitar.
Outra batalha, que está sendo discutida em Brasília, é em relação à
tributação do MEI (microempreendedor individual). O modelo atual de
enquadramento e tributação é sobre faturamento (e não lucro), porque foi
pensado para atender, principalmente, prestadores de serviços. No caso do
MEI da Nutty Bavarian, ele precisa comprar um produto para vender (as
castanhas) e isso eleva o faturamento, apesar de o lucro estar dentro dos
parâmetros de um microempreendedor individual.
"Queremos ser parte da mudança de cultura e mentalidade no
Brasil e esperamos conseguir, nos órgãos públicos, as mudanças necessárias
para nossa nova operação deslanchar", conclui o empreendedor.
SOBRE A NUTTY BAVARIAN
Rede de franquias especializada em castanhas com mais de
130 quiosques espalhados pelo país. Fundada no Brasil em 1996, a marca
chegou ao país com a empresária Adriana Auriemo, que conheceu o produto nos
Estados Unidos enquanto assistia a um jogo de basquete com a sua
família. A Nutty Bavarian vende cerca de 40 toneladas de castanhas por mês.