Como começar um negócio do zero?
*Por Veronicah Sella
Hoje, o Brasil tem quase 52 milhões de empreendedores. Ou
seja, de cada cinco pessoas, dois decidem começar um negócio
próprio, segundo o levantamento Global Entrepreneurship Monitor (GEM), maior
estudo unificado de atividade empreendedora no mundo. São lutadores,
idealizadores que, por necessidade e/ou oportunidade, resolveram ser
seus próprios patrões.
Começar um negócio requer paixão e uma inquietude (quase) eterna para
fazer as coisas acontecerem, porque, ao contrário do senso comum, o
empreendedor trabalha mais e está sempre à mercê de grandes
riscos - estabilidade não faz parte do seu dia a
dia. Então, é preciso ter muita vontade, automotivação, atitude
e não ter medo de tomar decisões. Empreender é um exercício diário de
fazer as coisas acontecerem.
Com essa verdade em mente, o primeiro
degrau dessa escalada é identificar-se com um nicho e
estudar profundamente sobre ele, mergulhando a fundo sobre tudo o que o
envolve: concorrência, pontos de venda, produto, posicionamento,
marca e fornecedores; para ter total
conhecimento e domínio do seu segmento. Nesse
estudo, devemos identificar uma dor e decidir quais recursos
(produto ou serviços) serão utilizados para saná-la.
E isso vai muito além do que se acha que o futuro
empreendedor precisa, é colocar-se no lugar do possível cliente
e identificar o que ele necessita. Exemplo disso é abrir um bar que toca
MPB, e os moradores locais, que, inevitavelmente, irão frequentar o
estabelecimento, preferirem pagode ou sertanejo - a dor, nesse caso,
não foi sanada e haverá erros e prejuízos. Portanto, o público deve ser o foco
da sua empresa - como vou resolver ou fazer parte da vida dele e
beneficiá-lo de alguma forma?
Preparar um plano de negócio - apesar de parecer moroso -
é uma parte importante deste processo, fazendo valer o
estudo, mostrando caminhos traçados e uma visão do todo. O documento
também ajuda a planejar a velocidade desse
percurso, considerando-se a velocidade de adaptações que o
mundo corporativo pede (ou seria, exige?).
Se a decisão for iniciar uma empresa sozinho, é preciso
conhecer muito o mercado - o que demanda tempo, energia e
investimentos. O modelo de franchising ou franquias antecipa um
pouco disso em vista que o processo já foi testado e
aprovado, trazendo consigo um passo a passo. Mas, a
escolha depende de cada perfil, porque franquias têm regras que
precisam ser seguidas. Aos criativos e inquietos, o ideal são empreendimento próprios,
em que podem fazer suas próprias regras e inovações.
Networking e os contatos também são importantes - os primeiros
clientes de quase todos os negócios são os parentes e amigos. Concorrentes
ou empresas que trabalham no mesmo nicho ou correlatos podem se
tornar parceiros, derrubando o mito de que concorrência é ruim;
elas podem otimizar e trazer benefícios para os dois
lados. O boca a boca ainda tem muita valia e um falar e indicar
o outro gera crescimento e admiração mútuas.
Para fazer o barco navegar mais tranquilamente, a escolha correta do
capital humano é como achar o vento direcional. Vale,
portanto, aceitar suas fragilidades e buscar uma equipe com perfis que se
complementem, e que comprem a sua ideia, fazendo a marca crescer.
E lembre-se "Se começou perfeito, já começou tarde",
porque a perfeição é uma utopia. O momento
de empreender é aquele em que se há uma certeza, internamente, do sucesso.
A absoluta vem da experiência e rápida adaptação ao mercado
e sua velocidade feroz.